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HISTÓRIAS DO BRASIL: DE MINAS GERAIS PARA PIQUIÁ DE BAIXO

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HISTÓRIAS DO BRASIL: DE MINAS GERAIS PARA PIQUIÁ DE BAIXO

O ano de 1968 foi um marco histórico para o Brasil. Era um tempo de reviravoltas política, social e econômica. O Estado de Minas Gerais, nessa época, passava por uma greve dos operários em Contagem. As recessões econômicas vividas em todo o país faziam as famílias agrárias buscarem melhoria de vida em novas terras.

 

Em 1979, William Pereira de Melo saiu de Governador Valadares (Minas Gerais) mais o pai e nove irmãos para morar em Piquiá de Baixo (Açailândia-MA). As matas nativas, os rios de águas cristalinas, os grandes hectares de terras, que poderiam ser usados para a criação de gados e cultivo de roça, foram os motivos para que a família Melo viesse de Minas para as terras maranhenses.

William tinha 21 anos e recorda que “naquele tempo tudo era mata nativa.

 

Compramos fazenda pra fazer agricultura e pecuária. Trabalhei em roça e criação de gado”. Hoje, Melo mora em Piquiá de Cima, há 2 km de Piquiá de Baixo, onde viveu 35 dos seus 56. Por motivo de doença, o médico lhe pediu que deixasse a comunidade, pois seu William havia perdido 40% da visão e a esposa adquirido câncer de pele.

 

Antes era desenvolvimento econômico

 

Voltando no tempo e ao Estado de Minas Gerais, mais precisamente em 1942, o governo de Getúlio Vargas cria a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) para explorar o minério de Itabira, a cidade natal do poeta Carlos Drummond de Andrade. Aos poucos a mineradora vai expandindo sua produção, que antes atendia apenas a demanda das siderúrgicas nacionais.

Com a retomada da presidência da Companhia (1982), o engenheiro Eliezer Batista conseguiu tornar a Vale sócia majoritária do Projeto Grande Carajás (PGC) que explora, desde 1985, os minérios da Serra de Carajás (PA). A realização do projeto exigiu a construção de uma grande infraestrutura, entre elas, a Estrada de Ferro Carajás (EFC) que corta a comunidade de Piquiá de Baixo.

 

Segundo o William, na época da abertura da ferrovia os empregados da empresa Vale iam de casa em casa convidando os moradores da comunidade para trabalhar. “Todo mundo mexia com agricultura, tinha roça, criações de gados. No Piquiá de Baixo tinha peixe e o povo ia lá pescar. Todo mundo morava bem, vivia por conta própria, ninguém queria trabalhar de empregado”, relata. A empresa Vale foi se instalando e trazendo trabalhadores, em seguida chegaram as siderúrgicas: as primeiras foram a Vale do Pindaré e a Viena Andrade Valadares. “E depois foram chegando outras siderúrgicas e montando tudo sem a permissão da comunidade e é por isso que hoje estamos com esse processo [de reassentamento]”.

 

As mudanças ocorridas em Piquiá de Baixo foram desde a inutilidade do solo até a perda de identidade do bairro, que se tornou polo industrial de Açailândia. Os moradores foram vendendo suas terras e “aí, desmataram as árvores e plantava eucalipto que só serve pra fazer carvão. Eles fizeram sem consentimento, foram ganhando dinheiro e Açailândia cresceu muito. A poluição aumentou e está prejudicando a saúde de todo mundo. Através de Piquiá eles disseram que era o progresso, só que fica pouca renda na cidade”, afirma seu William.

 

Após oito anos de reivindicações dentro e fora da cidade de Açailândia, a comunidade de Piquiá de Baixo atualmente está em processo de reassentamento para outro local. As famílias de Piquiá de Baixo escolheram como será o novo bairro e o modelo das casas. Sobre essa fase, o ex-caminhoneiro William diz que muitas pessoas lutaram, outras desistiram e não acreditaram na mudança, mas explica. “Muita gente diz que a comunidade ganhou casas de ‘primeiro mundo’, um bairro de ‘primeiro mundo’, é tanta coisa boa que não precisava disso. Mas eu creio que a vida vale muito mais. Deixamos de ficar em casa com a família para ir a manifestações, participar de reuniões em outras cidades. Aquilo era pra todos nós, pra termos mais alguns dias de vida melhor, e deixar coisas boas para os nossos filhos e os nossos netos”.

Rede Justiça nos Trilhos

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