Notícias

O que restou em Piquiá de Baixo? Queremos um Parque Ambiental aqui!

Entre ruínas e raízes – O verde resiste, como quem insiste em lembrar que Piquiá é mais do que poluição e abandono. É vida que se refaz, mesmo entre os escombros. | Foto: Angel Martins

Memória Visual: Entre os dias 22 e 26 de janeiro de 2024, comunicadores populares de diferentes territórios participaram da I Formação Veias Abertas da América Latina: Comunicação, Resistência e Cultura, em Açailândia (MA).

Como parte da imersão, a prática fotográfica, conduzida pelo fotógrafo indígena, Genilson Guajajara, aconteceu em Piquiá de Baixo, uma comunidade marcada pela luta contra os impactos da siderurgia e da mineração, que decidiu ressignificar sua história ao optar pelo reassentamento. As imagens captadas revelam o que restou do antigo bairro: ruas vazias, casas em ruínas, resquícios de uma vida que, forçada a partir, insiste em deixar raízes. Mas Piquiá de Baixo ainda pulsa na memória de seus moradores. Mais do que um território abandonado, o que se vê nas fotografias é um espaço de reivindicação: o desejo de transformar a área em um Parque Ambiental.

Sebastiana e os cacos do tempo – No meio das paredes que um dia guardaram seus sonhos, a saudade se mistura à esperança: um território não se mede pelos tijolos que caem, mas pelas histórias que ficam. | Foto: Yanna Duarte

Sebastiana Costa, mulher, educadora física e comunicadora popular de Piquiá de Baixo, descreve o impacto de ver sua casa sendo derrubada pela Defesa Civil do município de Açailândia. Entre os escombros do passado, o bairro que um dia foi seu lar se transformou em ruínas, mas não em esquecimento.

“Cada casa caindo é um pedaço da minha história sendo destruída, mas também uma certeza de que Piquiá de Baixo não pode ser apagado. Nossa luta não termina aqui. Queremos um Parque Ambiental onde tudo começou, para que esse lugar e as pessoas sigam contando nossa história e inspirando outras comunidades a enfrentarem seus inimigos.”

A exposição digital “O que restou em Piquiá de Baixo?” é mais do que um registro fotográfico; é um manifesto. As imagens expressam dor, resistência e esperança. Elas reforçam a urgência da reivindicação dos moradores: transformar a área desocupada em um Parque Ambiental que resguarde a memória do bairro e se torne um símbolo de luta e justiça socioambiental.

Respirar é um ato de arte – Na parede marcada pelo tempo e pelos megaprojetos, a criatividade se ergue como respiro. Porque existir é também ocupar, colorir, transformar. | Foto: Derlane Guajajara
No quintal de Piquiá de Baixo, já houve fartura e sustento. O verde ainda resiste, teimoso, mesmo quando o ar carrega a marca da poluição. A terra guarda memória, e a vida insiste em brotar. | Foto: Lanna Luz
Paredes caem, territórios resistem. Cada entulho guarda um nome, uma lembrança, um direito que não se apaga. | Foto: Derlane Guajajara

Mas e a infância? Quando o chão treme sob os pés, quando o brincar busca refúgio, quando o lar se desfaz em poeira — como sonhar entre os escombros do progresso imposto? | Foto: Paré do Quilombo Rampa

O chão que já foi lar – Aqui havia uma casa, uma vida, um quintal. Agora há espera e luta para que novos caminhos nasçam. | Foto: Sebastião Costa

Silêncio de escombros, grito de esperança. Derrubar paredes não é apagar vidas. A luta por um recomeço é a arquitetura invisível que ninguém pode demolir. | Foto: Paula Guajajara

O que era morada vira vazio, mas a história continua de pé. | Foto: Joana Guajajara

Paredes caem, territórios resistem. Cada entulho guarda um nome, uma lembrança, um direito que não se apaga. | Foto: Joana Guajajara

Uma saudade coletiva dos moradores de Piquiá: Sentar à porta de casa, sentir a brisa do rio e deixar a conversa correr. No quintal de águas livres, o tempo se alonga e a vida segue o ritmo da correnteza. Foto: Joana Guajajara

Um futuro é possível onde houver resistência. E Piquiá de Baixo resiste.

Essa ação formativa foi realizada em parceria com Justiça nos Trilhos (JnT), Instituto para Democracia, Mídia e Intercâmbio Cultural da Alemanha (IDEM) e Cooperação Alemã (BMZ), com apoio da Agência Zagaia, Grupo LoveLabCom, RádioTV Quilombo Rampa e Mídia Guajajara.

Notícias recentes