Notícias
PULMÕES DE AÇO: VÍDEO ÍTALO-BRASILEIRO DÁ VOZ ÀS VÍTIMAS DA MINERAÇÃO
Nos dias 28 e 29 de abril de 2014 será apresentado no Brasil e na Itália o vídeo “Pulmões de aço – Resistências locais frente a injustiças globais”. É um documentário que nasceu por iniciativa dos missionários combonianos e que foi realizado em mutirão, envolvendo vários protagonistas da sociedade civil brasileira e italiana. A direção é de Paolo Annechini e Andrea Sperotti.
Durante 31 minutos e 16 segundos, o vídeo acompanha homens, mulheres e crianças cujas vidas foram devastadas por causa de enormes complexos siderúrgicos. No Brasil ou na Itália, a história não muda: altos-fornos que poluem o ar, matam as pessoas, destroem o meio-ambiente, estrangulam culturas e tradições antigas. Além disso, têm os acidentes de trabalho e o desemprego. Tudo isso em nome de um “desenvolvimento” que enriquece poucos e empobrece muitos.
As realidades apresentadas pelo vídeo são três: o bairro carioca de Santa Cruz, onde se instalou uma enorme empresa de aço da TKCSA (parceria ThyssenKrupp-Vale); a área industrial de Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA), cercada pelos altos-fornos da Viena Siderúrgica, da Gusa Nordeste e do Grupo Queiróz Galvão Siderurgia; e o bairro Tamburi de Taranto (Itália), onde a empresa Ilva construiu a maior indústria siderúrgica da Europa.
O fio vermelho que conecta as três cidades é a Vale SA, o gigante brasileiro da mineraçāo presente em mais de 30 Países, maior produtor mundial de minério de ferro. É a Vale que vende o minério extraido nas florestas do Pará e em Minas Gerais para todas as siderúrgicas citadas no vídeo. Tudo isso a preço de destruição ambiental e cultural.
O documentário conta histórias de direitos violados. Na cidade de Rio de Janeiro, onde a produção de aço da TKCSA é responsável por um grande aumento de emissões de gás carbônico (veja o estudo do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul http://www.pacs.org.br/2013/08/29/thyssenkrupp-companhia-siderurgica-do-atlantico-tkcsa/) e onde oito mil pescadores ficaram desempregados por causa da poluição da baia.
Em Piquiá, onde ao longo dos últimos 15 meses morreram pelo menos cinco pessoas por doenças decorrentes da poluição das siderúrgicas, que produzem ferro-gusa sem utilizar filtros para reduzir as emissões de particulados na atmosfera. Uma situação tão absurda que já conseguiu o apoio de várias instituições no mundo (segue o link da campanha “Piquiá quer viver!” da Aliança Internacional dos Habitantes: http://por.habitants.org/campanha_despejo_zero/brasil_piquia_quer_viver).
As vítimas do ciclo de mineração e siderurgia de 10 países do mundo irão se encontrar em São Luis (MA), de 5 à 9 de maio, por ocasião do seminário “Carajás 30 anos: resistências e mobilizações frente a projetos de desenvolvimento na Amazônia Oriental” (veja o site do evento: http://www.seminariocarajas30anos.org/).
O vídeo pode ser acessado pelos links: http://youtu.be/lKPRmUpKMSg (em italiano)e http://youtu.be/oL0JIX8AVIE (em português). Em breve também será apresentação uma versão em inglês.
Outras informações aqui: (Seção Pesquisa)
Piquiá de Baixo;
Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale;
Relatório da Federação Internacional de Direitos Humanos sobre a realidade de Açailândia;
Relatório da Plataforma Dhesca sobre os impactos da Estrada de Ferro Carajás.
Fonte: Rede Justiça nos Trilhos